MULHERES FANTÁSTICAS – 4

MULHER BRUXA

mulheres fantásticas 4
Atla, a maligna mas sedutora feiticeira, criada por Esteban Maroto… a rainha de todas as bruxas e de todos os monstros, mais velha do que mil sóis, que se submete a Korsar, o mercenário, restituindo-lhe a liberdade… depois deste lhe recordar como é o amor entre os humanos. Antes de Maroto, as bruxas não eram tão belas!

O CARNAVAL DO “DIABRETE” – 3

Bento . Carnaval 2015Pelo 3º ano consecutivo, assinalamos a passagem do Carnaval (que já foi mais trepidante e divertido em tempos idos) com outra pitoresca ilustração evocativa de uma das mais célebres revistas infanto-juvenis portuguesas e de um dos seus melhores colaboradores artísticos — em que mais uma vez se destacam a fértil fantasia, a graça esfuziante, o encanto lúdico e o apurado efeito decorativo da arte gráfica de Fernando Bento, que gostava de partilhar com o público infantil, especialmente nesta data, o espírito burlesco que animou tantas das suas criações, retratando um alegre “corso” carnavalesco nalgumas capas do Diabrete eternizadas pela magia do seu traço.

O mote do Entrudo repetiu-se nesta “endiabrada” cena que fez as honras do nº 591, publicado em 26/2/1949. Quantos ilustradores infanto-juvenis seriam capazes de parodiar assim o Carnaval da gente nova? Para os leitores do “grande camaradão” da juventude portuguesa, a face risonha do Rei Momo e os seus folguedos teriam sempre o cunho da arte inimitável de Mestre Fernando Bento.

ORIGINAIS E REPRODUÇÕES – 4

“O TERRÍVEL TIGRE DE BENGALA…”

Péon - Tigre de Bengala

Este magnífico tigre, o rei das selvas indianas, e o seu “primo” da Sibéria — ambos, actualmente, em sério risco de extinção — foram obra de Vítor Péon, um dos nossos melhores desenhadores e um mestre no género animalista, ao mesmo nível, sem exagero, de um E.T. Coelho, de um José Garcês, de um José Ruy ou de um José Luís Salinas.

Yataca 25Quando realizou este trabalho, que fazia parte de um projecto destinado à imprensa, Péon estava ainda a residir em Paris com a família. Datam, aliás, desse período outros trabalhos pouco conhecidos do grande artista, que, na sua modéstia, quase os esqueceu quando regressou a Portugal, pouco se tendo referido a eles quando era entrevistado.

Para os seus fiéis admiradores, entre os quais me incluo, desde que li as suas primeiras histórias n’O Mosquito (para dizer a verdade, não foram bem as primeiras, que surgiram em 1943/44… e nessa altura eu ainda não sabia ler), a sua melhor criação em revistas francesas foi o Yataca, uma espécie de “rei da selva” dos tempos modernos, muito mais Yataca 47civilizado do que Tarzan, cujas aventuras foram dadas a conhecer aos leitores portugueses por Roussado Pinto, que as reeditou parcialmente numa colecção de pequeno formato, com o selo da sua editora Portugal Press. Mas a verdade é que Péon, apesar de nessa época (início dos anos 70) se ter virado para a pintura, alimentando uma velha paixão que não lhe trouxe grandes benefícios profissionais nem o reconhecimento artístico que já granjeara como autor de BD, fez outros trabalhos para os chamados petits formats, revistas de bolso muito disseminadas em França até meados dos anos 80, onde a BD mais comercial e popular e os seus criadores encontraram um seguro “porto de abrigo”.

Especializando-se como autor de capas para essas publicações, nomeadamente as da editora Mon Journal (Aventures & Voyages), Péon começou ao mesmo tempo a trabalhar para a imprensa, onde se lhe deparava um nicho de oportunidades muito mais aliciante do que nas pequenas editoras de BD, e para o cinema, realizando cartazes e cenários de filmes, alguns produzidos por cineastas seus amigos. Tudo isso enquanto continuava fervorosamente a pintar… sonhando com o grande triunfo da sua vida.

Péon - Mosquito 1165A reprodução que hoje apresentamos é de um trabalho inédito, pertencente a uma série dedicada a variadas espécies zoológicas, tema que Péon sempre acalentou com grande entusiasmo, como provam algumas das suas melhores histórias — por exemplo, “Na Pista da Aventura”, soberba série publicada n’O Mosquito, em 1950, e que ficou incompleta por Péon ter seguido, entretanto, outra pista, rumo a outra aventura… — ou uma curiosa colecção de “selos” publicada também pel’O Mosquito, mas numa época anterior, inserida nas margens das suas separatas com construções de armar, e que foi totalmente realizada por Péon.

É com imenso prazer que o nosso Gato Alfarrabista e a sua Loja de Papel homenageiam a memória de um grande Artista e de um saudoso Amigo, oferecendo a todos os seus visitantes uma “peça” inédita de um dos nossos mais prolíficos e versáteis desenhadores.

WOLINSKI: A DESPEDIDA

Volinski a despedida

Eis o último cartoon de Wolinski (quase premonitório), publicado no Paris-Match um dia depois do atentado contra o Charlie Hebdo, em que também pereceram outros grandes humoristas, seus companheiros de redacção, como Cabu, Charb e Tignous.

Colaborador habitual do Paris-Match desde 8 de Novembro de 1990, Wolinski assinava todas as semanas um cartoon sobre a actualidade política, salvo raros períodos de férias em que foi substituído por Cabu, um dos seus melhores amigos.

Volinski retrato316Ao prestar-lhe a última homenagem, publicando este desenho recebido na redacção três dias antes, o histórico semanário francês não deixou de salientar uma estranha coincidência: a última palavra que Wolinski escreveu no seu cartoon tinha já uma carga tão fatalista como o inexorável destino de que em breve seria vítima! Curiosa- mente (se é que se pode empregar este advérbio), o mesmo destino que tivera o seu pai, assassinado a tiro na Tunísia, terra natal do irreverente e mordaz desenhador… para quem o trabalho, aos 80 anos, era a maior e mais divertida de todas as recompensas.

A HISTÓRIA DE PORTUGAL EM BD – 11

O REGICÍDIO

O Regicídio - 2

História de Portugal (4º volume)O brutal assassinato do rei D. Carlos e do príncipe herdeiro D. Luís Filipe, no primeiro dia de Fevereiro de 1908, foi o prelúdio do fim da monarquia, vítima dos seus próprios e trágicos erros, e da implantação da República, uma nova aurora política em que Portugal continuou a viver, nessa encruzilhada histórica, sob o domínio da contestação, da anarquia e das revoltas armadas que punham em causa a estabilidade económica, política e social. Tudo isso a juntar ao flagelo da 1ª Grande Guerra, com o seu cortejo de mortos e estropiados em batalhas inglórias. Na Banda Desenhada, o regicídio — um dos acontecimentos revolucionários de crucial importância que mudaram o destino do país no primeiro decénio do século XX —, foi retratado nalgumas obras de cunho didáctico, como a História de Portugal em BD, de A. do Carmo Reis e José Garcês, composta por 4 volumes publicados entre 1987 e 1989, pela Asa, e reeditados diversas vezes.

Viva a República

Num tom mais jocoso, tratando os assuntos sérios com a sua veia artística de consumado humorista, merece especial referência a História Alegre de Portugal, adaptada por Artur Correia da obra homónima de Pinheiro Chagas, numa edição da Bertrand (2002/2003), em dois grossos volumes (o segundo, de onde reproduzimos as páginas seguintes, com texto de António Gomes de Almeida).

Regicidio - Hist alegre P 1 e 2

Outro desenhador argumentista que pegou no tema, desenvolvendo-o de forma apurada, num registo realista e jornalístico fiel aos anais da época, foi Santos Costa, cujo trabalho, inicialmente publicado no semanário O Crime, em 1999, foi posteriormente reeditado no álbum Registos Criminais, com outras histórias do mesmo autor.

O Regicídio - 5

MATARAM O REI - capa350Mas o nosso principal destaque vai para um álbum de José Ruy intitulado Mataram o Rei!… Viva a República!, editado em 1993 pela Asa e reeditado em 2008 pela Âncora, onde o veterano Artista, com o seu traço sóbrio, a atenção aos pormenores, a fluência do estilo gráfico/narrativo, a faceta romanesca (que tem sido pouco valorizada nas apreciações críticas) e o rigor documental e histórico que preside a todos os seus trabalhos, reconstituiu de forma viva, lúdica e emotiva o ambiente social e político dessa época agitada, assim como o “pacto de sangue” entre membros da Carbonária e de forças republicanas, numa conspiração contra o governo e a figura do Rei que conduziu ao fatídico desenlace junto das arcadas do Terreiro do Paço, no dia 1 de Fevereiro de 1908, precipi- tando a queda do regime monárquico, ainda mais frágil no reinado de D. Manuel II.

Eis algumas páginas deste magnífico álbum de José Ruy, um autor/investigador que, com a sua obra vasta e diversificada, já com dezenas de títulos, muito tem enriquecido e prestigiado a BD portuguesa de temática histórica e didáctica.

MATARAM O REI - 1 e 2MATARAM O REI - 3 e 4

Em nota final desta breve (e quiçá incompleta) retrospectiva, queremos também chamar a atenção para outra abordagem, muito curiosa, do regicídio, que pode ser apreciada no conhecido blogue Leituras de BD: http://bongop-leituras-bd.blogspot.pt/2012/03/herois-ou-assassinos.html

Quatro páginas apenas, com guião de Nuno Amado, grafismo e cores de Daniel dos Santos, mas de uma intensidade estética e narrativa a justificar nota alta. Aqui mostramos duas dessas páginas, com a devida vénia ao Leituras de BD.

Heróis ou assassinos - pág. 2 e 3

O ANIVERSÁRIO DE BÉCASSINE

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Uma das mais carismáticas heroínas da BD francesa, apesar da sua provecta idade, acaba de fazer 110 anos! Criada em 1905, por Joseph Pinchon, numa revista acabada também de nascer, La Semaine de Suzette, a simplória Bécassine tornou-se um caso sério de popularidade, apesar da sua modesta condição de filha de campesinos e, mais tarde, serva doméstica. Cerca de 1.500 pranchas publicadas, 26 álbuns, quase a volta ao mundo em várias línguas… um sucesso absoluto!

LA SEMAINE DE SUZETTE CABEÇALHO 2 FEV 1905 copy

O Google veio agora recordá-lo da forma mais sugestiva, com outro dos seus originais e atractivos logos (ou doodles), que gostosamente partilhamos no nosso blogue, em memória de uma ilustre centenária que ainda desperta muitas saudades de uma ingénua BD infantil, como a de La Semaine de Suzette, e de uma era menos agitada e complexa, entre duas guerras, que ficou conhecida como La Belle Époque.

E aqui têm também duas páginas desenhadas por Pinchon, quando a sua heroína ainda gatinhava (extraídas com a devida vénia do blogue Gatos, Gatinhos e Gatarrões).

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HOMENAGEM A UM ILUSTRE PORTUGUÊS

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AMANHÃ, ÀS 17h30, NA SOCIEDADE DE GEOGRAFIA

Azevedo coutinho copyDurante esta sessão solene, que contará também com a presença de um dos seus promotores, o nosso amigo Professor António Martinó de Azevedo Coutinho, parente do homenageado, será orador o Comandante António Costa Canas, que dissertará sobre o tema “Almirante Azevedo Coutinho: marinheiro, soldado e político”. A encerrar a sessão, haverá um momento musical por elementos da Banda da Armada.

Os feitos militares de João de Azevedo Coutinho (1865-1944), herói das campanhas de África, em Moçambique, nos finais do século XIX, foram também evocados numa série de artigos que o semanário juvenil O Pimpão publicou entre os seus nºs 1 (11-10-1955) e 9 (20-12-1955), com ilustrações de José Manuel Soares e de outro (anónimo) desenhador.

Aqui reproduzimos quatro dessas páginas, que para muito dos nossos leitores devem constituir uma absoluta novidade, dada a obscura existência (que se saldou por um magro resultado: 18 números) e a raridade d’O Pimpão, revista de conteúdo variado, não desprovido de certos méritos, mas que não tinha “arcaboiço” para fazer frente à supremacia de dois imbatíveis rivais: o Cavaleiro Andante e o Mundo de Aventuras.

Marinheiro soldado - 1 copyMarinheiro & soldado 1 et 2O MARINHEIRO SOLDADO 3 + Pimpão 9

Um dos inegáveis méritos d’O Pimpão foi a presença entre os seus colaboradores do célebre Avozinho d’O Mosquito — isto é, Raul Correia —, que “renasceu” durante um breve período, voltando a escrever textos repassados de lirismo e de vibrante emoção, como o que, no nº 9, a rematar esta série de artigos, traçou o perfil heróico e patriótico de João de Azevedo Coutinho, “benemérito da Pátria”, cujas destemidas acções em campanha lhe valeram o respeito dos seus compatriotas e dos próprios inimigos.

Para saber mais sobre a vida e os feitos deste herói nacional, recomendamos a consulta do blogue Largo dos Correios, onde o Professor Martinó tem feito largas referências ao seu ilustre antepassado e à efeméride que amanhã se comemora.

Nota: para ler os textos e apreciar as imagens com maior nitidez, clicar duas vezes sobre estas, ampliando-as ao máximo.