REFLEXÕES SOBRE CRIAÇÕES

Ao arrumar os papéis de Jorge Magalhães, encontrei num pedaço de guardanapo de papel estas reflexões que julgo ser da sua lavra, a menos que ele a tenha encontrado em textos de Raul Correia… porque acho que o humor dos dois era parecido!

Não resisto a compartilhar com os leitores deste blogue este pequeno trecho humorístico.

Catherine Labey

IN MEMORIAM – JORGE MAGALHÃES

Partiu para cavalgar nas pradarias eternas, junto dos seus personagens favoritos… Mas Jorge Magalhães ficará sempre nos nossos corações. Agradeço  a todos os que me comunicaram palavras bondosas que me ajudaram a aguentar a dor da partida do meu companheiro e cúmplice na Banda desenhada há 40 anos… O Gato Alfarrabista está de luto… mas recorda com muito carinho aquele que lhe deu vida! Não vou fechar este blogue, nem os outros…

Catherine Labey

IN MEMORIAM: BIBI VAN GOGH

Poesia Felina – 6, publicada em 31/12/2012 no blogue Gatos, Gatinhos e Gatarrões, com ilustração de Catherine Labey.

Este gato ruivo tinha uma cor muito pálida, quase a cor do champanhe, como costumávamos dizer… Chegou com um dia, se tanto, à nossa casa e foi criado a biberão. Depois de adulto, viveu algumas aventuras engraçadas, postas em livro e em BD. Partiu há dez anos, mas deixou uma marca indelével nos nossos corações…

DOIS COLÓQUIOS DE JOSÉ RUY NA BIBLIOTECA MUNICIPAL DA AMADORA

Nos próximos dias 24 de Outubro e 6 de Novembro, Mestre José Ruy volta à Biblioteca Municipal Fernando Piteira Santos, na Amadora, para apresentar os seus dois mais recentes álbuns (ambos publicados pela Âncora Editora).

Na primeira dessas sessões, que terão lugar às 18h00, no Auditório da Biblioteca Municipal (sita no mesmo edifício da Bedeteca), participará também Otelo Saraiva de Carvalho, para evocar as suas memórias do 18 de Março de 1974 (data em que ocorreu o falhado golpe das Caldas da Rainha) e analisar a sua reconstituição no álbum de José Ruy.

A segunda sessão, dedicada à obra “A Ilha do Corvo que venceu os piratas”, cujo lançamento teve lugar nos Açores e chegará em breve ao mercado nacional, tem como orador João Saramago, membro do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa.

CAPRIOLI EM EXPOSIÇÃO NO CLUBE PORTUGUÊS DE BANDA DESENHADA

Chega finalmente à Amadora a grande exposição comemorativa do centenário de Franco Caprioli, que esteve patente em Moura e em Viseu, no ano de 2012, comissariada por Luiz Beira e Carlos Rico. Pela mesma altura, foram editados um fanzine e um e-book, por iniciativa, respectivamente, da Câmara Municipal de Moura e do Gicav de Viseu, principais organizadores deste memorável evento, que contou também com a colaboração de Fulvia Caprioli.

Se aprecia a obra do grande mestre italiano, com notável difusão em Portugal, desde os anos 1950 (no saudoso Cavaleiro Andante e noutras revistas, mas também em álbuns com as suas últimas obras), não perca esta mostra, amigo leitor. A inauguração será no próximo sábado, dia 20 de Outubro, pelas 16h00, na sede do Clube Português de Banda Desenhada.

À venda no local estará também, para os interessados, o referido fanzine, com o mesmo título da exposição, editado pela Câmara Municipal de Moura — texto de Jorge Magalhães, profusamente ilustrado com imagens de revistas portuguesas e estrangeiras, reproduzidas da sua colecção —, e que nesse mesmo ano de 2012 foi nomeado para os Prémios Nacionais de Banda Desenhada do Festival Amadora BD.

CURIOSIDADES LITERÁRIAS: CAMÕES E O SEU GATO

O curioso texto que se segue é da autoria de Théodore de Banville (1823-1891), poeta, dramaturgo e crítico francês, autor das célebres Odes Funambulesques” e de outras obras que lhe valeram o epíteto de “poeta  da felicidade”. Amigo de Victor Hugo, Charles Baudelaire, Théophile Gautier  e Arthur Rimbaud (cujo talento descobriu), foi considerado ainda em vida como um dos poetas mais eminentes da sua época.

“Le Chat”, texto traduzido por Catherine Labey, de que publicamos alguns excertos (com uma referência ao nosso maior vate e ao seu poema de dimensão universal, Os Lusíadas”), é uma apologia do gato… ou a arte de falar de tudo e de nada sobre um assunto predilecto. Para os amantes de gatos e não só, vale a pena ler o texto completo, disponível num e-book gratuito (em francês), na Internet. A ilustração deve-se também a Catherine Labey, em cujo blogue Gatos, Gatinhos e Gatarrões este texto foi inicialmente publicado.

“O GATO” – Extractos

(…) De todos os animais, o Gato é aquele em que o instinto é o mais persistente, o mais impossível de eliminar. Selvagem ou doméstico, mantém-se ele próprio, obstinadamente, com uma serenidade absoluta, e portanto nada pode fazê-lo perder a sua beleza e graça suprema. Não há condição tão humilde e aviltante que chegue a degradá-lo porque ele não o consente, e preserva sempre a única liberdade que pode ser outorgada às criaturas, a vontade e a determinada resolução de ser livre. E de facto ele é-o, porque só se entrega quando quer, concedendo ou recusando a seu bel-prazer o seu afecto e as suas festas, e é por isso que se mantém belo, ou seja, igual ao seu tipo eterno. (…)

(…) Mas tudo neles foi concebido para a cilada, a surpresa, o ataque nocturno; os seus olhos admiráveis, que se contraem e se dilatam de uma maneira espantosa, vêem melhor de noite que de dia, e a pupila que de dia é como uma estreita linha, de noite torna-se redonda e larga, polvilhada de areia dourada e cheia de lampejos. Carbúnculo ou esmeralda viva, ela não é apenas luminosa, ela é luz. Sabe-se que numa altura em que o grande Camões se encontrava sem dinheiro para comprar uma vela, o seu gato proporcionou-lhe a claridade dos seus olhos para escrever um canto d’Os Lusíadas. Ora, aqui está uma maneira verdadeira e positiva de encorajar a literatura, e julgo que nenhum ministro da educação fez alguma vez outro tanto. De certeza que, ao mesmo tempo que o alumiava, o bom do Gato lhe oferecia a sua macia e sedosa pelagem para acariciar, e vinha em busca de festas pelo prazer que elas lhe davam. (…)