Aqui estão, a fechar o ano de 2016 — em que este blogue conseguiu cumprir mais uma etapa do seu programa, a caminho do 4º aniversário, apesar de ter visto crescer a Loja de Papel a que pertence —, os últimos postais desta série, ilustrados por dois grandes nomes da BD portuguesa, cada um dentro do seu género. Se Júlio Gil adoptou um estilo de figuração narrativa, próximo da BD e da ilustração, Carlos Roque, desenhador humorístico por excelência, preferiu o cartoon, condensando as ideias do mote — isto é, as qualidades de rapazes e raparigas, segundo os meses de nascimento — numa única imagem (ou “boneco”, como espirituosamente chamava aos seus desenhos).
O resultado, em qualquer dos casos, é excelente e estas colecções de postais que a Pórtico editou nos anos 1960 primam pela originalidade, pela fantasia, pelo colorido e pelo traço de dois ilustradores que se distinguiram nas páginas de uma publicação da Mocidade Portuguesa, o Camarada, seguindo depois outros caminhos, marcados por ideais políticos diferentes. Pois, se Júlio Gil foi sempre um artista do regime, fiel às orientações do Estado Novo (o que não invalida nenhum dos seus méritos profissionais), Carlos Roque optou pela emigração e fixou residência em Bruxelas, trabalhando para revistas como o Tintin e o Spirou, em ambiente mais democrático…