Quando passaram 50 anos sobre a data de nascimento d’O Mosquito ainda não havia Internet nem a “febre” das redes sociais e dos blogues que hoje cobrem e discutem todos os acontecimentos de relevo nas áreas da cultura, do desporto, da política (e em muitas outras), mas estava ainda em publicação a última série da mais famosa revista juvenil portuguesa, ressuscitada dois anos antes pela Editorial Futura, sob a direcção do malogrado dr. Chaves Ferreira, médico de profissão, amante das letras e da BD.
Foi por sua iniciativa que um numeroso grupo de colaboradores dessa série (a quinta, no quadro histórico e cronológico d’O Mosquito), a que se juntaram outras figuras — algumas também já desaparecidas, como António Homem Christo, António Costa Ramos, Augusto Simões Lopes, António Barata e Lúcio Cardador —, se reuniu junto da antiga sede das Edições O Mosquito, onde funcionavam também as suas oficinas, na Travessa de S. Pedro, nº 9 (contígua ao Jardim de S. Pedro de Alcântara), e depois num restaurante do Bairro Alto para celebrar essa data histórica e, ao mesmo tempo, dizer adeus à nova série, cujo último número se publicou nesse mês de Janeiro de 1986.
O encontro promovido em pleno coração da imprensa lisboeta e o simbolismo da efeméride não passaram despercebidos a alguns jornais, como foi o caso do Diário de Lisboa e do Diário Popular, vespertinos na altura ainda em circulação, que no dia seguinte, 15 de Janeiro, publicaram com assinalável destaque as notícias que seguidamente reproduzimos.
Mesmo sem Internet, Facebook, Google, Twitter, TV por cabo e outros avanços tecnológicos dos meios de comunicação que desde essa época se registaram a espantosa velocidade, um facto merece ser sublinhado: nos anos 80 do século XX (e até em décadas anteriores) os jornais davam mais importância à Banda Desenhada, como forma moderna e transversal de arte figurativa popular, do que dão hoje.
Mas os encontros entre gerações de leitores entusiastas, estudiosos, colaboradores e coleccionadores d’O Mosquito, esses não se extinguiram, nem o sentimento especial que Cardoso Lopes e Raul Correia, com o seu papel lúdico e educativo (mas distanciando-se da escola e da pedagogia), fomentaram numa larga camada da juventude portuguesa — que, por sua vez, o acalentou, num recanto nostálgico da sua memória, e o transmitiu no tempo, partilhando-o, pelo espírito e pelo exemplo, com as gerações futuras.